terça-feira, 30 de dezembro de 2008

"Niños de la calle" - Patxi Andión

Há coisas que se banalizam na hipocrisia e nos discursos de salão. Há coisas que toda a gente sabe dizer...
Mas também há pessoas que devolvem a genuinidade ao banalizado.
Patxi, sabe fazê-lo. Sabe dizê-lo e senti-lo.
E faz-nos sentir.
Obrigado, Patxi.

Nem só o milho é descamisado




Longe deverão ir os tempos em que só o milho era o descamisado.

De então para cá, decorreu muito tempo... Ou nem isso.
E os das gerações desse tempo longínquo tiveram de se adaptar às sucessivas e cíclicas convulsões da sociedade - dita moderna e global - com a dificuldade e resistências que as mudanças em si sequenciam. Mudaram-se as mentalidades, os valores - e os princípios que cada um tinha para si como bons, acabaram por ver-se sacudidos na avalanche. A palavra deixou de ser um património inalienável e absoluto para se transformar num produto de cosmética circunstancial, sacudida e fragilizada por "próteses" de ocasião...

É o preço da modernidade...

Também as pessoas, e não só milho, se foram "descamisando": uns de uma forma, outros de outra. Os malfadados tempos em que uma sardinha dava para quatro e que a posta do meio ainda dava opção de "posta aberta ou fechada", já la vão. A mesma sardinha, hoje e em muitos lares, também dá para quatro: desde que três não gostem de peixe.

O meu país vai-se, também ele, "descamisando", aqui e ali: sem canções, sem alegria, esmagado pelas práticas de um ideário global que não se compadece com os atrasos, com as dificuldades, com questões de ética e de honra; assumindo as clivagens sociais e as situações de fome e pobreza como meros "danos colaterais".

O "antes é que era bom" só nos pode mobilizar porque, e apesar de tudo, a vontade, o carácter e a salgada capacidade de lutarmos contra as adversidades - e que herdámos de tantos e bons portugueses - não estão, ainda, reféns dos índices da Dow Jones ou do Nasdaq.

E se nos "descamisarmos", que seja para partilhar a tal sardinha com quem se atrasou no percurso...

Texto:©José Tereso

Imagem: svbeira.no.sapo.pt

Pálido Ponto Azul

Cabe-nos a nós escolher o caminho. A visão humanista de Carl Sagan, na alquimia de Vangelis.

Olhares de Natal e de todos os dias

Quantos Natais passaram já por este olhar?
E quantos mais serão precisos?...
Texto:©José Tereso
Imagem: sxc.hu

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Rasuras no tempo




Quase tudo está feito... Quase.
Como foi possível escapar-ne este "quase" que incomoda e que me agarra ao princípio?!...
E agora, poderá ser tarde para mudar o que quer que seja.
Os novos ventos de mudança sopram mas as velas não dão marés, nem mar.
Resta voltar ao início e vasculhar no que foi feito, como se fossem possíveis rasuras no tempo e emendas nos caminhos.
Bem ou mal, está feito. Esteve feito.
No início e no fim...
E disso não me arrependo porque fazer bem, ou mal, não é apenas isso. É resultado de momentos, de detalhes e, sobretudo, do modo como nos envolvemos em cada partida. E eu envolvo-me sempre. Teimosamente, sempre.
Até ao fim... Como se parecesse mal deixar vida no prato, numa visível aprovação à escolha do menu e ao anfitrião.
Mas de que outra maneira se pode viver?
Só intensamente, nos limites, nos apercebemos da inatingível linha do horizonte. Só intensamente sentimos o quanto é possível viver.
Depois, ficam as consequências...
Há só que ir em frente e evitar os momentos maus: aqueles que, no passado, nos levaram a estar menos bem ou ausentes.
É só voltar ao início das coisas e escolher os caminhos que nos levem ao fim, e este que faça o que falta: sossegar-nos os sonos e os fantasmas.Como no princípio...
Como se voltasse ao início das coisas e dos tempos para fazer tudo, no quase tudo já feito.
Texto: ©José Tereso
Imagem: campaignprojects.wordpress.com

Licores de outras épocas


Imagem: jmgs.fotosblogue.com

domingo, 28 de dezembro de 2008

Tardes, do dia, da noite, de Natal








Os anos passaram e nunca a venderam, a ele... injustamente.
Só o sonho lhe vendiam...
Muitos anos teriam de passar, mas eu sabia que tinha este encontro marcado.
Fui-me esquecendo no tempo para evitar faltar ao encontro dos ausentes mas, cá bem no fundo, eu sabia que um dia havia de voltar a calcorrear as mesmas ruas, a dobrar as mesmas esquinas e pasmar com os mesmos olhos...
Poderia demorar muito, mas nunca a eternidade... e eu sabia-o.
São 23H45, nesta noite fria e húmida, há 55 anos.
Disto 47 anos desta crónica.
A crónica que nunca escrevi por não ter assunto, mas que o tempo foi trazendo de mão beijada para que, só agora, a conseguisse escrever.
Deixem que vos guie nos percursos, deixem que vos interrompa os olhos com o silêncio das palavras e com o vazio das deixas... nesta peça que levo hoje à cena.
Vamos lá então...
A noite já vai longa... demasiado longa para os pequenos anseios e sonhos.
Talvez um carro... daqueles com luzes como o Action Man... ou o Homem Aranha, ou o dos bombeiros, ou... sei lá!
Tudo!
Como nas montras... onde há tudo!
Como na vida... onde há montras!
Atrevo-me pela Rua do Ouro... são 23H46!. Pouco ou nada se ouve.... só os meus passos e, lá longe, o barulho ronquento de um autocarro, também ele, provavelmente, surdo e vazio!
As calçadas estão estranhamente brilhantes... como se estivessem polidas e lavadas, com brilhos de azul, verde e encarnado... como, se elas próprias, tivessem decidido engalanar-se...
É mesmo noite de Natal...
- A noite mais bonita do ano... como me dizia o meu pai!
E da maneira como o dizia... eu acreditava.
E dessa maneira me deixei recuar... Ao tempo em que te ouvia e que te sentia.
Na tarde da noite mais bonita do ano, muitas vezes percorri estas mesmas ruas, calcorreei estas mesmas pedras... pela mão do meu pai – para não me perder no bulício das compras...
Eu não me perdia nesse bulício...
Nem ele.
Assistíamos só, de borla, ao espectáculo!. E cheio de luzes, montras coloridas, sorrisos apressados e olhares de ocasião regressava a casa, num autocarro – ronquento como o de há pouco – verde. A tarde do dia da noite de natal estava a cair.
No autocarro ia sempre muita gente, não tão colorida como a outra... As luzes, as montras coloridas, os sorrisos apressados e olhares de ocasião iam desaparecendo à medida que me aproximava de casa.
Na minha rua não havia isso... para ver isso tinha de ir à "baixa" (como dizia o meu pai).
E lá ia...
Sempre na tarde do dia da noite de Natal... com a mão bem agarrada para não me perder na dança das cores, das luzes e dos sorrisos apressados... porque a noite não tardava.
Rua Augusta, Rua do Ouro, Rua dos Fanqueiros, Restauradores, Praça da Figueira, Rossio... que imenso carrocel de gente, às voltas.
Era bonito... Era dourado.
O meu pai parava sempre na montra da Casa da Sorte... e olhava!. Às vezes muito tempo... Tanto tempo que me parecia envelhecer, perdido nos papéis numerados e coloridos.Gostava quando ele ia ver a montra... parecia diferente. E ainda bem não, lá vinha com aquela frase que os anos foram gastando:

- "Foi aqui que venderam a Taluda! A Sorte Grande!"...

Os anos passaram e nunca a venderam, a ele... injustamente. Só o sonho lhe vendiam...
E com esse sonho ficava diferente, tão diferente que chegava a comprar-me um cruzado de castanhas assadas a um homem que todos os anos eu via ali, sempre no mesmo sítio, sempre com as mesmas castanhas, sempre com os cartuchos feitos com papel da Páginas Amarelas... e aquelas castanhas eram, também, sempre boas...
Quentes e boas, era verdade. Era o meu prémio pelas demoras dele na montra dos sonhos.
Que mais se pode exigir para um fim de tarde, no dia da noite de Natal...
Luzes, sonhos e castanhas! Um cabaz de surpresas que se perpetuou nos anos, nos meus anos de miúdo - vestido a preceito para ver passar o Natal. Depois de olhar muito para aquela montra e murmurar coisas que eu nunca entendi, íamos para a paragem do 46 – Portas de Benfica...
Sempre agarrado pela mão áspera do meu pai, para que não me perdesse na aspereza das cores, das luzes e dos sorrisos apressados e já àsperos do cansaço.
E o regresso a casa... e à vida.
O quanto eu odeio aquele 46... que me roubava as tardes do dia da noite de Natal...
Depois...
Depois vinham as cuecas e as meias que eu estava a precisar, mais um casaquito (a manga ficava sempre curta), mais uns lápis de cor... para eu poder colorir as montras da minha rua na tarde do dia da noite de Natal do ano que havia de vir...
É meia noite e vinte... É a meia noite e vinte, das 55 vezes que o foi nesta noite!
Subo aos Restauradores, passo pela montra da Casa da Sorte... Com curiosidade dorida abrando o passo, carregando as ausências e os silêncios e não encontrando a mão áspera que me guardava das luzes, das cores e dos sorrisos apressados...
Demorei-me a olhar... e, por momentos, parecia-me engasgado com uma castanha mais sôfrega.
Mas não... a tarde do dia da noite de natal já fora há muito.
Há muitos sonhos, há muitas Taludas!
O ronco – agora com outra cor - do autocarro fez-se aos Restauradores...
Era o 46 para as Portas de Benfica. O ronco parecia-me igual mas não era...
A um súbito desejo, corri para a paragem e fiz sinal para deter o borrão multicolor. O chasso fez-se ao passeio, abriu a porta e esperou a minha entrada. Fiz o gesto de entrar.
Por momentos, ia deitando tudo a perder...
Mas não, no último instante, senti aquele puxão áspero que me travava as luzes, as cores, as montras... e recuei para o passeio.
Voltei-lhe as costas e livre da mão que outrora me prendia às cores, às luzes e aos sorrisos apressados, soltei-me pela noite da noite de Natal e perdi-me no silêncio das montras, das luzes, das cores, dos sorrisos ausentes e das ceias envoltas em cartão canelado.
E percebi, finalmente, que na noite da noite de Natal, na Baixa, não havia cuecas, nem meias, nem lápis de cor, nem casacos de inverno de manga curta...
Eram os carros de bombeiros, as pistolas de cowboy e carros da polícia com o pirilampo azul...
E outras coisas que não havia...
Que não havia. E que eu não sabia. Mas que agora... Agora, também já não importava saber. Agora já não lhe iriam vender a Taluda!
Vinguei-me do 46... que durante tantos anos me roubou as cores e as luzes da noite de Natal.
Já afastado e perdido nos reflexos de mil cores, pareceu-me ouvir uma voz áspera a soltar-me:
- Bom Natal, Zé!

- Também para si... onde quer que seja! Onde quer que haja!...

Texto: ©José Tereso

Imagem: susanagaspar.blogspot.com

Herman Enciclopédia - Baptista Bastos - Orlando Barata

Que saudades deste Herman!
Genial!...

Por cá, dizem que o Liédson também resolve...


Há gente muito prendada!...
Legendas: ©Zeke Skreve
Imagem: mostfunnypictures.com

Pensamentos


Paul Ambroise Valery
França
[1871-1945]
Poeta/Ensaísta/Crítico


A política foi primeiro a arte de impedir as pessoas de se intrometerem naquilo que lhes diz respeito. Em época posterior, acrescentaram-lhe a arte de forçar as pessoas a decidir sobre o que não entendem.

in "Olhares Sobre o Mundo Moderno"
Imagem: bp1.blogger.com

Dire Straits - Private investigations

Touché!
É só isto que me sai...

sábado, 27 de dezembro de 2008

Inquietações estóricas do Zeke






Conheci o Zeke Skreve já lá vão 5 capicuas de anos.
Já são 55 natais de monólogos e de conspiração.
Habituámo-nos um ao outro e temos um cúmplice e sereno convívio, mantendo-se sempre aqueles rasgos de amor/ódio que sublimam as tréguas e as pazes.
O Zé escreve-me, de vez em quando, a dizer aquelas parvoeiras que ele sabe que eu aprovo mas de que me privo por respeito: o espaço é dele, está bem entregue… para quê vandalizá-lo!..
O mesmo faz ele comigo: não me invade o espaço.
Trata-me por Zé sabendo que isso é a chave de tudo e o livre trânsito para se pavonear na minha cabeça.
Só os amigos me tratam por Zé... e ele sabe disso.Abusos? Não… feitios!
Fazemos a barba – a mesma barba – no mesmo espelho e nunca ele me fez reparos ao ritual; limita-se a imitar-me e a usar o mesmo after-shave.
Suportamo-nos sem nos ofuscarmos mutuamente. Como se o silêncio de um não invadisse o barulho do outro.Estranho, não?!...
O Zeke escreve ... passa os dias a atanazar-me com as suas investidas (i)literárias e eu, para não romper com esta cumplicidade, publico-lhe as parvoeiras que lhe vão ocorrendo.
Aqui há dias escreveu-me uma cartita, assim:
Zé – percebi logo que se ia “esticar– dizia-se, em tempos, que um homem só o era efectivamente se semeasse uma árvore, fizesse um filho e escrevesse um livro.
Bem se vê que o mentor de tal “tirada” não nasceu, nem viveu aqui em Portugal.
Aqui os homens não se medem aos palmos e ainda menos em árvores, filhos ou livros.Temos uma medida diferente.
Somos descendentes dos homens de quinhentos, dos que deram novos mundos ao mundo sem desbaratarem o ouro e as divisas que, abrangente e abnegadamente, foram “recolhendo” aqui e ali. Mais ali que aqui.
Somos um povo de passado que, no dia 10 de Junho, dele não se esquece e, sobretudo, porque não há mais nada para dizer depois dele.
Bom, está bem... temos ainda os anos do Ronaldo, o aniversário do baptizado do Mourinho, os fados da Mariza, os 45 anos de carreira do Tony da Mesma e o florescente deserto da margem sul.
Somos um povo de fibra e de raça e profundamente religioso; difundimos a fé ao mesmo tempo que refundimos a canela, a pimenta, o majericão, a palha d’aço, o talão do Euromilhões, as facturas manhosas e o esfregão limpa-vidros, numa harmoniosa alquimia de odores, especiarias e fedores.
E os Mouros?! Aí é que foi !...Levaram poucas!…
Quando se começaram a bronzear nos areais de Vilamoura e da Quarteira, a comerem à grande, e à pala dos acórdãos Luso-Marroquinos, no Gi-Gi... veio por aí a baixo o Afonso Henriques que, não era muito dado a mariquices, e:
- Fora… xô! Para lá do rebentar da maré!...
Isso sim… era serviço!
Quais intercâmbios culturais!...
Podes dizer-me que foi chato os homens terem ficado sem os chalés e os arabescos e aquelas pantominices marroquinas mas, porra… virem para aqui abarbatar-se às areias do portuga, porem nomes às coisas a começarem por “Al”, andarem a vender tapetes e lamparinas - quando a gente tinha melhor em Arraiolos – sem pagarem népia - quais factura, quais IVA!
Vamos lá a ver!…
Isto aqui não é a pensão da viúva Cunha!...

Depois começaram a abrir uns espaços comerciais que tresandavam a velas e a paus de cheiro, a venderem fumos e chinelas com a ponta revirada. Ganzas?!... O que é isto?!...Mas o que é isto?!...
O Afonso tinha de se passar! Olha quem!...
- Offshore com essa gente!
É que o gajo, por muito menos, tinha ido à cara à mãe!... E sabes o que é que ela disse, na altura?...
- Ah! sabe o meu Afonso é hiperactivo, tem um síndrome qualquer e não pode ser contrariado… pode ficar com um pós-traumático qualquer e daqui a amanhã, sabe-se lá se não se mete na política ou na droga!… ou se ponha a vender selos, ou terrenos na OTA!... Traumas, não!... Isso não! Educação, sim… mas com acompanhamento psicológico na justa medida das reacções psicossomáticas e de acordo com a arquitectura genética e embrionária do Afonso…


(Desculpa-me lá, mas a mãe dele era mesmo da linha… O que é isto?!... Somáticas?!... Embrionárias!...)

Olha que deve ser duro uma mãe levar um arraial do filho...
É que a mãe nem à GNR de Barcelos foi apresentar queixa… Comeu… e calou!
E quando as coscuvilheiras das vizinhas vieram com as merdices do costume a meter veneno, ela disse que o Afonsinho tinha um personalidade muito vincada e que isso só o valorizava… Ah! mãe do caraças!... Assim, sim!

Isto de vizinhas, também sabes como é que é… Um gajo compra um MP3 e elas, pimba, compram um Audi 4 porque o 4 é maior que o 3!...
Estou farto de ver estes filmes!...

Zé, mas não era por isto que eu te escrevi - mau!… vai-se mesmo esticar – porque, com esta coisa, afastei-me do assunto mas há coisas que têm de ser ditas.
Bom, mas deixemos isto e vamos ao assunto… Ou melhor… não vamos ao assunto agora porque tenho de ir ao Lidl comprar arroz basmati para fazer um pudim flan…
Tenho cá visitas e há um gajo que é perdido pelo meu bacalhau com natas… Amanhã acabo o que era para te dizer…
Um abraço
Do teu amigo, Zeke Skreve.
Texto: ©Zeke Skreve
Imagem: fotos.sapo.pt

Nós e a Corrupção






"Corrupção e os portugueses: Atitudes, práticas e valores", de Luís de Sousa e João Triães, é a mais recente abordagem a essa chocante realidade que é a teia de corrupção em que este país se enleia.

Realidade antiga mas que foi ganhando visibilidade.
Realidade com que todos - mais ou menos, e com nuances diferentes - pactuamos, embora nos achemos, muitas vezes, imaculados porta-estandartes de uma cruzada contra os corruptos.
Há uma empatia residual que nos atraiçoa as cruzadas e as nossas melhores intenções.

Sintetizava o politólogo Luís de Sousa que simbolicamente condenamos a corrupção mas estrategicamente pactuamos, no quotidiano, com ela.
Da simples "cunha", passando pela gestão de interesses e culminando com o suborno: de alguma destas formas, o quotidiano nos lança a casca de banana a que não resistimos pisar.

Um livro, com prefácio de Maria José Morgado, a merecer leitura atenta e que convida a uma auto-reflexão sobre a nossa postura e atitude.
Só assim é que o combate a esse submundo, que nos inquieta as convicções, poderá ser esclarecido, efectivo e determinado.

Texto:©J.Tereso
Imagem:georden.blogspot.com

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Enigmas dissociáveis a 3D






O Dr. Paulo Teixeira Pinto, ex-presidente da comissão executiva (CEO) do Banco Comercial Português, saiu do grupo com uma indemnização de 10 milhões de euros e com o compromisso de receber, até final da vida, uma pensão anual equivalente a 500 mil euros.


(Também isto já não me espanta. Faz-me outra coisa... Mas não me espanta!)

E foi-se o banqueiro.

Após esta reforma antecipada na banca, desdobrou-se em actividades e, inesperadamente, surge o pintor, o poeta e o congressista.

Numa entrevista à Lusa, na qual exibiu os muitos quadros que cobriam as paredes do seu escritório, foi referindo que não pintava para se exibir. O exercício da pintura e a sua amostragem pública eram apenas um processo de partilha de algo que foi sempre predominante na sua vida mas que se coibiu de mostrar enquanto quadro activo no BCP. Admitindo que nunca teve a pretensão de ser pintor, acedeu a inaugurar uma exposição dos seus quadros, na First Gallery, em Lisboa, porque, embora contrariado, muitas pessoas, cuja opinião levava a sério, insistiram e o motivaram a dar aquele passo.
E veio o pintor.

Muito estético... Porque, dizia: "a estética é a aparência das coisas".

Depois... Bom, depois vieram os poemas e os teoremas poéticos.
E veio o poeta.
Provavelmente, digo eu, porque muitas pessoas de refinado critério assim o exigiram e provocaram. Daí o teorema feito poema.

Não me surpreendeu, diga-se em abono da verdade. Imaginava-o a pintar e a poetisar às escondidas enquanto ia gerindo, na actividade profissional, os trocos. Terminou essa mesma entrevista referindo que, de toda esta exposição pública, esperava apenas que as pessoas o olhassem como pintor e poeta, dissociando disso a sua imagem de banqueiro.

(As palavras saíram assim, com mais ou menos vírgula ou esperança).

Por fim, guardo as palavras de uma sua intervenção recente, em Leiria, durante um congresso e onde, referindo-se à crise, dizia que era ela uma nova cadeia de oportunidades porque: enquanto houver quem chore, haverá sempre quem ganhe com a venda de lenços!
As palavras saíram assim, com mais ou menos vírgula ou oportunidade.

Esta é a sensibilidade do pintor? Do poeta? Do homem? Ou do banqueiro?

Quanto ao banqueiro, se o que tem vindo a lume na imprensa for verdade, é bem melhor que a imagem do banqueiro seja dissociada; vai deixar o poeta, o pintor e o homem em mau estado, ainda assim recomendável pelos credenciados e sérios critérios dos descobridores de talentos, arrisco eu...Ou talvez não!...
O espanto e o ponto de exclamação vão perdendo todo o sentido.


Texto: ©J.Tereso
Imagem: baixaki.ig.com.br

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

A pica do poder








O poder tem uma sensualidade própria e única.Dá gozo, extâse, "pica" (para os puristas da linguagem) e é, ou pode ser exercitado nesse sentido, orgásmico.

Já Kissinger dizia que "o poder era o melhor afrodisíaco".
O poder pontencia-nos, predispõe-nos, provoca-nos... e perde-nos!

Daí que muita gente - sabedora e experimentadora desta subtil virtualidade - se agarre a ele em desespero (não é assim, Sr. Mugabe?!...) e, por vezes, arrogantemente o exerça na expectativa de que aí resulte um ser sensual e apetecível, tão mais apetecível quanto maior for a sua arrogância ou nariz e umbigo.

Curioso, contudo, é verificar os resultados de milhares de sondagens e inquéritos, espalhados por sites da especialidade, onde a questão da eleição do melhor afrodisíaco se coloca às (aos) teenagers da modernidade.E a adolescência é mesmo assim: atirada "prá frentex" mas irremediavelmente adolescente.
E a atracção, e "ignição", teenager e periférica encontra os seus picos no: humor, inteligência, sensibilidade, "interioridades" e, cinicamente em último lugar, porte físico.
Nem uma vez o poder, na sua face social ou política, é referido como potenciador de atracção.Será que a "raposa" Kissinger se enganou quando deixou para a posteridade aquela sua constatação e prática continuada?

Não me parece!... Ele sabia do que falava: na teoria e na prática.
Vai lá... Vai! Deixai-os, e deixai-as crescer...

Alguns, com o exercício do poder, pensam que o crescimento do nariz é um bom prenúncio do crescimento proporcional de outros atributos... Há também acredite que o tamanho dos sapatos é cartão de visita para outros tamanhos...Pequenezes e pequenezas de gente, naturalmente, pequena!

Algumas - ouvi dizer a uma top-model, muito "in", da nossa passadeira de vaidades - quando experimentam os corredores, e outros confortos de cachemira, dos poderosos, "dão uma volta de 350 graus na sua vida" (sic). - assim falava a criatura
Pois é... ainda lhe faltam 10º. Ou já lhe sobram 170º.

E isso faz toda a diferença...
Aos do nariz, e aos dos sapatos, não há volta a dar... Os óculos, caso os haja, não impedem o crescimento do tubérculo.
O resto, já não sei... E tenho dúvida que as leis da física nasal e sapática, ao invés da quântica, venham alguma vez a ser certezas e verdades inabaláveis.
Texto: ©Zeke Skreve
Imagem: zurdito.com

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Novas Oportunidades


Uma nova oportunidade... A última!...
- Já tem açucar e está mexido. Mas não te estiques...
É que se me vens com meias e cornetas, acabam-se os miminhos!
Texto:©J.Tereso
Imagem: plan59.com

Nostalgias - Cadillac - Series 62 Sedan

Estávamos em 1958

Imagem: plan59.com

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Bom Natal, Sr. João... Dias, não são dias!


Ficam por que se foram habituando a ficar… no tempo e com ele.
Sem contarem espingardas…



Preferia ter-lho dito pessoalmente… Não o consegui.
Ainda hoje não dei com o jeito de dizer coisas que, não tendo jeito de ser ditas, têm sentido.
Têm apenas sentido…
E as verdades nem sempre o têm. Falta-lhes o contexto.
Contudo, as palavras, como as coisas, têm de ser ditas ou ocorrer quando fazem sentido e não apenas quando se arranja jeito. Há que o fazer… há que correr o risco.
Também não o fiz pessoalmente porque… não ia terminar, possivelmente. Nem você saberia ouvir, provavelmente.
Já nos conhecemos há algum tempo… cada um cioso da margem que ocupa. Você na margem de cá… eu, na de lá. E este mar de percursos que nos separa e que nos impede a travessia descomprometida, minguou-nos as cumplicidades e as unanimidades.
Cá e lá.
E não há geometria, teorema ou equação que queira abdicar da inconvergência. Somos marginais com coeficientes de previsibilidade diferentes: você menos, eu mais! Você vive numa mentira e, em desespero, usa meias verdades para branquear e justificar a necessidade daquela… sabendo, de antemão, que essas mesmas meias verdades se perderão num mar de labrirínticos “ses” , “mas” e “comos”. Eu vivo na mesma mentira… Só que em vez de, no coro dos aflitos, me socorrer de verdades recorrentes, mantenho-me na mentira coerente, sabendo, de antemão, que a mentira só será desmascarada quando se tornar incoerente.Vivemos ambos a mesma mentira, mas com posturas diferentes.
Questões de margens… ou tão somente de carácteres e códigos de honra.
Você debate-se no turbilhão colorido das circunstâncias. Eu permaneço na revolta coerente de, também eu, ser mentiroso, mas previsível e transparente.
Creio que se afastou irremediavelmente da genuinidade.
E o importante, nestas, noutras e sobretudo nas coisas, não é se são belas ou feias: é se são genuínas…
Coisas, com ou sem valor, belas ou feias, pobres ou ricas, doces ou agrestes… mas sobretudo, acima de tudo, genuínas.
Neste curto período de férias que a morte nos concede, persistem duas trágicas verdades que orientam e limitam o que queremos fazer disto: optar ou ser optado, ficar ou fugir.Teimo ainda em optar e muito embora perto da exaustão, vou resistindo, recusando-me a ser assimilado e diluído nas unanimidades e maiorias consensuais… Se reparar bem, somos, no fundo, um produto optado e não é pacífica a aventura de tomarmos para nós a decisão de optar…Fazer parte do coro dos desafinados tem custos… Por vezes perpetuam-se na geração e, mais grave do que isso, são os nossos vindouros quem, por vezes, mais sente os efeitos. Daí que, ser optado, ainda que implique uma entrega e, quantas vezes, uma pacífica aceitação de menoridade, é também uma questão de sobrevivência.
Menor mas segura: daquela sobrevivência que se aconchega à lareira, de pantufas enfiadas, perna cruzada, jornal numa mão e chávena de café na outra, vendo os filhos a crescerem nas nossas opções de eternos e frágeis optados, afinal…
Pois é: também eles, também os seus filhos optados, um dia, sentados à lareira e de pantufas calçadas, embevecidos nas diabruras dos seus netos de agora, orientarão as coisas de molde a que os novos rebentos interiorizem os benefícios que os optados colhem.
Lutar contra isto não é conselho que se dê.
Assume-se… e pronto! O tempo, as coisas e as pessoas se encarregarão de nos apresentar a factura de tão segura atitude.
E paga-se… com dificuldade. Mas há que pagar: sem cedências nem contumácias.
E resta o outro lote: os que ficam e os que fogem.
E quando a m**** cai na ventoínha poucos são os que ficam para a desligar. E isso não os faz heróis… Eles ficavam de qualquer forma. São caminhos… e cada um, irreversívelmente, com o tempo, foi formando o seu.
Não é o acaso… É uma trágica irreversabilidade.
É uma maneira de estar nisto.Ficam… porque alguém tem que ficar.
Ficam por que se foram habituando a ficar… no tempo e com ele. Sem contarem espingardas.
Dos que fogem, dos que já estão longe, dos que se puseram a salvo dos salpicos da m****, a história se encarregará, um dia, de fazer estórias: uns serão eleitos cobardes porque interessa que desçam a isso, outros serão projectados e eleitos como exemplos de coragem porque nunca rasgo que só bafeja os inteligentes, tiveram o bom senso de permanecer limpos.
E interessa, também, que assim sejam acolhidos.
Dos que ficaram, dos que por uma trágica irreversibilade de percursos se vão ficando sempre, a história dirá:

- Alguém tinha de desligar aquilo!

E é esta a diferença: a m**** só deixa de salpicar as alvas e impolutas consciências dos ninguéns de bom senso ou dos cobardes sem senso, quando alguém se lhes atravessa no caminho, interrompendo o perpetuar do circuito.
E neste bem comportado carrocel de ninguéns há sempre alguém que, sem os ninguéns perceberem bem porquê, se lembra de saltar em andamento chateado e revoltado com as razões que levam a girafa, que vai atrás do leão e à frente do hipopótamo, não sair da roda e se sentar a comer uma fartura ou um coirato, perdida no anonimato do pó desta imensa feira desenhada em papel milimétrico.
Fico-me por aqui.
Amanhã é Natal.
Mal acabe este piquete, vou tomar um banho, beber um café bem quente e forte, calçar as tais pantufas, aconchegar-me no tal lume, ver a página de necrologia do DN e, se não constar na lista, passo pelo horóscopo e depois… talvez, e atendendo à quadra, dê uns conselhos à minha Rita…
- Bom Natal, Senhor João … Dias não são dias!


(Se constar na tal lista… bom, ainda que tudo faça sentido, temo não poder assegurar o próximo piquete e tudo o resto).


Que avance o reserva de niguém… Ou alguém.
Alguém tem de se lembrar…
Texto:©José Tereso
Imagem: estudantedigital.esmoncao.com

Porque em Janeiro acordamos para a crise!...


Em Janeiro... é que são elas!!!...
A solidariedade festiva, mediática,visível e "muito in"zarpa das consciências!
Inapelavelmente.

Legendas: ©Zeke Skreve
Imagem: mostfunnypictures.com

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Porque a memória não tem que ser curta...








Galp e BP lançam campanha de desconto ao fim-de-semana.Os combustíveis estão seis cêntimos mais baratos na Galp e doze cêntimos na BP, ao fim-de-semana. Mas, a campanha de descontos é limitada e ainda não rouba clientes às gasolineiras mais pequenas.

Confesso que não me apetecia escrever hoje.
Embora assunto não me falte, tinha tirado o sábado para assentar ideias.
Mas perante esta notícia, não resisti.

A Galp,a BP e a Repsol, até podem oferecer o combustível porque garanto-lhes que não me hão-de ver na fila.
E sabem porquê? Porque tenho memória...
E ia sendo tempo de a começarmos a ter, colectivamente, para que estes senhores, de uma vez por todas, perdessem a sobranceria.

Vi nas televisões uma verdadeira romaria às bombas de abastecimento da Galp e quejandos. Há quem não resista àquilo que é, para todos os efeitos, a esmola.
Que não se iludam os peregrinos porque os beneméritos não estão distraídos.
Eles sabem o que fazem, e como o fazem...
Oxalá que os peregrinos que agora vão comer à mão de quem, há bem pouco tempo, lhes bateu e que coleccionam tudo o que é cartão de desconto e vales de ilusão, não tenham, um dia destes, de chorar o passo que agora estão a dar atrás.

Porque vai acontecer...E acontecerá enquanto a nossa memória colectiva for tão frágil e egoísta; facilmente penetrável por promoções de duvidosa intenção e sempre pronta a beijar a mão do chicote.
Mesmo com este desconto, há produto mais barato. E de igual qualidade.
E sempre houve.
Têm de se esforçar mais. Para mim, muito mais... Desistam mesmo!
Eu tenho memória!...

Texto:©J.Tereso
Imagem:sleepers.no-ip.org

Do porquê...

...Recordou companheiros e lobos.
Por momentos pegou no telemóvel e lá estavam velhos companheiros.
Nenhum lobo.
Os lobos não telefonam e pouco falam, tinha-se já esquecido.
...Cruzam-se, apenas.
E olham-se.
Fica tudo, solidariamente, dito...













Olhou pela última vez a secretária como se quisesse confirmar que tudo estava arrumado e que ali, também, deixava arrumada a vida. Vinte sete anos de vida.
Ajeitou o candeeiro, certificou-se que acendia, meteu as chaves no armário e nas gavetas, não sem antes ter confirmado que todas elas fechavam o vazio que alguém um dia destes iria abrir e guardar, talvez, outros vinte sete, ou mais, anos de vida.
Apagou a luz do candeeiro, levantou-se, arrumou a cadeira na perpendicular da secretária, ajeitou o tapete e fez-se ao interruptor da sala vazia.
Um último olhar ao espaço e fez-se escuro. Fez-se vazio.

Com passo lento e estudado - pensado durante muitos anos - desceu a escada do edifício, passou pelo piquete e, para esconder o embargo da voz, disse:
- Boa noite e bom serviço!...
Nem esperou pela resposta que se adivinhava afundada no sofá frente às notícias, numa interminável contagem decrescente de horas e minutos, só interrompida por medos, aflições e ansiedades.
Assim o pensara, assim o fez.

Saiu para a rua, meteu-se no carro e encaminhou-se para o "Sem Niveau" para se degladiar com uma cerveja fresquinha.

Muitas vezes ali estivera - no "Sem Niveau" -, na mesa dos fundos, com pouca luz, à volta de uma cerveja, a ouvir os acordes de um jazz ambiental e a lamber as personagens que iam entrando. Várias vezes, nesses princípios solitários de noite, experimentou exercícios desgastantes, de ler nos lábios as conversas semi-cerradas dos presentes e os silêncios contidos dos ausentes.
Sempre só.
O hábito e a vida deixaram-no só. E ele acomodara-se.
E mesmo naquele que era o último dia, permanecia, como no primeiro dia, só. Ele sabia que essa era a factura que haveria de ser cobrada, um dia.
Sem festejos, sem despedidas, sem discursos e sem placas evocativas do que quer que fosse.
Nos desenhos da espuma da cerveja procurou em vão o prenúncio do futuro. Só passado ali se lia...

E saltaram-lhe para a mesa as memórias geográficas da viagem: Loures, Gomes Freire, Oliveira de Azemeis, Bissau, Bubaque, Vladivostok, Pontevedra, Portimão, Faro, Porto, Tomar e Leiria.
E em cada paragem, um gole. E em cada gole, o filme da vida, em off , num technicolor sem rugidos de leão.
Vinte sete anos estavam ali na mesa, a serem despidos à velocidade de uma cerveja.

Recordou companheiros e lobos. Por momentos pegou no telemóvel e lá estavam velhos companheiros. Nenhum lobo. Os lobos não telefonam e pouco falam, tinha-se já esquecido.
Os guardadores de lobos... Bom! Esses, usam telemóveis para encomendar pizzas.
Só o tempo separa um lobo do seu guardador. E a viagem é grande, selectiva e silenciosa...
Os guardadores conhecem-se nos silêncios cifrados e prescindem de cumprimentos.
Cruzam-se, apenas.
E olham-se.
Fica tudo, solidariamente, dito.

Teria a vida toda - ou o resto de toda - para os procurar...
Já de saída, embalado por Norah Jones, decidiu-se: vou abrir um pub.
Subitamente veio-lhe à memória o Harry Anders do MI6 e a nostalgia de um Blue Ice com fragrâncias de jazz e odores a frias clandestinidades. Apenas uma mulher poderia aquecer aquela guerra... mas o fim era previsível: problemas.
Um retiro nostálgico: com esta luz, com este jazz, com estas cadeiras e com estes silêncios.
Os lobos hão-de aparecer e, atrás deles, os guardadores. Quem sabe mesmo se algum pastor, perdido e confundido nas luzes, não se refugiará na mesa dos fundos.
Sim, "Blue Ice". Melhor, "Blue Ice Underground Kaffé".
Fica assim.
Quando puder, abro.
Eles virão... do frio, talvez.
©J.Tereso

domingo, 21 de dezembro de 2008

Como se fôssemos muito burros!...






O 11 de Setembro precipitaria quase tudo e, a partir daí, tem vindo a justificar muito desse tudo.

A ansiedade securitária serviu para justificar o tudo e tudo o resto...


O estado totalitário do Orwell é, hoje, uma caricatura simpática do totalitarismo da comunicação do Google, Yahoo e Microsoft, só a título de exemplo, na versão soft.
O Echelon alimenta-se de 120 satélites-espiões que só não sabem o que eu jantei hoje porque ainda estou só com o almoço. Esta, uma versão mais hard.


O voyeurismo governamental e empresarial está definitivamente instalado nas nossas vidas, e o direito a sermos "sós", extinguiu-se. E por contraditório que pareça, aparentemente, só estamos "sós" se estivermos bem acompanhados. Mas nunca fiando...

O Procurador Geral, Dr. Pinto Monteiro, já se queixava disso mesmo... Dizia que ouvia uns barulhos na linha...
Acho que ainda está na fase embrionária porque eu ouço (vejo e percebo) mais do que barulhos na linha.

Fugir ao "controle" começa a ser tarefa difícil, tal é a quantidade de informação que se vai cruzando e entrecruzando, fixando-nos e rotinando-nos os passos num processo onde o próximo passo está já previsto antes de se iniciar.
Tudo vai sendo manipulado, codificado, criptografado e numericamente ordenado.
E a frieza dos números tem um poder incomensurável nisto: porque nos jogos da palavras vai a gente, com mais ou menos dificuldade, lendo as entrelinhas, mas com os números, ainda temos alguma dificuldade em perceber que 2 + 2 possam não ser 4.
E eles conseguem o milagre de não o ser...

Manter a lucidez nisto, é complicado... Somos todos os dias desinformados pela informação. Temos de reaprender a ler, ouvir e pensar... se não, é o caos.
A nossa única defesa é falar, pensar, desentender e rodar, no sentido inverso, as mensagens.
Como se fôssemos muito burros!..
Texto:©J.Tereso
Imagem:praguepost.com


sábado, 20 de dezembro de 2008

A crise da Verdade e da Coerência






Há crise.
A crise instalou-se e a fragilidade das verdades absolutas veio à tona.
Os bancos, afinal, não eram aquilo que se vendia.

O linguarejar fácil e fluente dos gurus da banca e do mundo financeiro travestizou-se e passámos a ver os mesmos senhores a fazerem acrobacias de argumentos, de "ses" e "comos" para conterem a onda de choque e a corrida massiva às caixas, para levantamento das parcas economias dos que acreditaram que o seu dinheiro - tal como as armas de antigamente - estava "em boas mãos".
Alguns gestores, empresários e administradores de pacotilha, viram-se finalmente despidos na praça pública, varridos por um tsunami financeiro e trapalhão cujas dimensões estão longe das previsões mais apuradas e sustentadas. E agora é vê-los, essa casta de artistas, a escorrerem gel dos cabelos e a puxarem lustro ao sapato, com a calça da perna que os sustenta em pé.

Os senhores dos "Compromissos qualquer coisinha", das soluções milagrosas e dos dinâmicos conceitos empresariais anti-Estado, andam agora de mão estendida a pedir ao mesmo Estado que lhes branqueie, com dinheiro dos contribuintes, as derrapagens e o asneiredo espalhafatoso em que vivem há muito tempo. Mais uma vez se provou que o tecido empresarial português é dependente do colo do Estado e sobrevive graças a trabalho mal remunerado e à cíclica injecção de liquidez que sai, indirectamente, dos bolsos dos explorados e mal pagos.

Que tivessem decoro e vergonha, era o mínimo aconselhável.

Mas não!
Continuam a esgrimir, em acrobacias de linguística, argumentos e justificações que lhes dêem uma segunda demão de competência e rigor, já que a primeira estava muito aguada. Alguns, mais atrevidos, conseguem mesmo auto-elogiar-se, em livro e publicamente, enquanto o edifício que construíram se desmorona sem apelo nem agravo.
Em muitos momentos, esfrego os olhos para me certificar que não estou a ver e a ouvir, de novo, um tristemente célebre Ministro do Interior do Iraque.
"Firmes e hirtos", como diria o Alexandrino.

Mais eis que vem o Governador do Banco de Portugal, Sr. Vítor Constâncio, dizer para só acreditarmos nele...
Pois, pois, pois... Estou a ver! Mas não sou só eu a ver...

O Presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, também deu uma achega ao que eu há muito desconfiava: "nem tenho confiança em quem governa, como é que posso fazer fé nas medidas tomadas".
Pois... Também estou nessa.

Quanto ao Sr. Vítor Constâncio, sempre digo que gostava de ter boas razões para só acreditar nele. Mas, infelizmente, tenho boas razões para fazer o contrário.A última razão deu-ma a falência do Hypo Real Estate, autorizado a trabalhar em Portugal pelo ilustre reclamante da credibilidade.

Estou a ver!... Mas vou ver mais!.

Texto:©J.Tereso
Imagem: sxc.hu

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O "refresh" do auditório...


(in "Conversas com lobos" - 25.09.2007)
Da autoria de um ex-inspector da Polícia Judiciária, foi lançado, aqui há dias, o livro “A estrela de Joana”.
Propôs-se o autor revelar pormenores inéditos relacionados com as investigações do caso Joana Guerreiro – a menina de oito anos desaparecida em 12 de Setembro de 2004 da Aldeia de Figueira, perto de Portimão.

Três anos depois do desaparecimento – e falo de desaparecimento porque o corpo nunca foi encontrado – vem este ex-inspector ressuscitar para o leitor a promiscuidade e morbidez sanguinária protagonizada, segundo sua versão, pelos protagonistas do caso.

Não sei se os pormenores dos relatos dos intervenientes vêm saciar algo ou preencher alguma lacuna do panorama literário português.

Mas se já isto me parece desajustado, até porque permanecem sem resposta questões que se levantaram no decurso da investigação, não vejo a utilidade, a oportunidade e o sentido que impele alguém (que activamente participou na investigação, não tendo conseguido esclarecer cabalmente os factos no decurso desta) a escrever uma peça que coloca o enfoque naquilo que de mais brutal e mórbido pode haver no ser humano, a acreditar na versão literária.

Porque o essencial permanece na penumbra e esta é sempre subjectiva e susceptível de romance.
Porque o essencial é que a pequena Joana nunca apareceu pese embora todos os interrogatórios, confissões, desabafos e a requisição de “especialistas” a um Departamento da PJ de Lisboa, como ouvi algures, para a cabal resolução do caso.

É que o desaparecimento que envolve a pequena Joana não é único… há mais crianças desaparecidas em Portugal.
Demais… para o desejável e suportável: haver nenhuma.
E se há pais que, eventualmente, possam estar envolvidos no desaparecimento – e o caso de Joana poderá presumivelmente ser um dos exemplos –, outros há que permanecem na angústia de saber o que se passou com o seu filho, ou filha e que a sua interveniência foi apenas a constatação do facto e a dolorosa e sofrida espera por notícias. Até hoje, nalguns casos.

Prescindem bem estes últimos de, mesmo literariamente, se especularem cenários. Pensou eu, como pai.
E assim, um livro porquê?
Para quê?
Sinceramente, prefiro não responder com palavras.
Seria óbvio demais.
Prefiro responder com o silêncio de todos os pais que ainda têm esperança de um dia voltar a ver o filho que lhes desapareceu…
Nenhum livro os devolverá.

É que este contínuo desfilar mediático de personagens Ex-Qualquer Coisa e que, em dado momento da sua vida, por diferentes opções, deixaram a Coisa, enveredaram pelo caminho que os verdadeiros investigadores ( independentemente da área de trabalho) sempre rejeitaram: o mediatismo e a exposição.

E é a isto que vamos assistindo: à proliferação de uma casta mediática de especialistas mas também de palpiteiros e paisagistas – salvaguardando o devido respeito pelas pessoas – que encontraram na comunicação social a compensação e a publicidade que a Qualquer Coisa não lhes dava, não potenciava e rejeitava solidariamente com os que sempre fizeram o trabalho, no mais espartano dos anonimatos, em equipa.

E grandes e anónimos foram - e são ainda hoje - muitos inquestionáveis especialistas, nas mais diferentes áreas.
Grandes e anónimos por uma questão de hábito e missão.

A comunicação social usa os ex-qualquer coisa e eles, os que não se sabem acautelar, deixam-se usufruir rendidos ao brilho das luzes.
E é vê-los a opinar, a palpitar, a gerirem a órbita que os amarra e promove.
Saem da Coisa mas não resistem ao prefixo ex-Coisa.

Tudo isto para dizer que a morte vende… vai vendendo, reedita-se e foi lançada na banca, despudoradamente.
Eu não compro… prefiro reflectir no que não se sabe e que permanece nos bastidores do silêncio dos desaparecidos
©J.Tereso

Às armas! Depois, logo se vê!...









Decididamente, dando crédito aos números divulgados e adivinhando os números que ninguém controla, Portugal está armado até aos dentes...

Curioso... e estranho, num povo reconhecidamente pacífico e amante da paz e do sossego.

Só que as armas, e o modo como o português lida com elas, são sempre perigosas, no mínimo, para dois: o utente e o alvo.

As armas que fazem a delícia do português são, preferencialmente: as de fogo, o carro e o voto.
Nenhuma das entidades que regulam a detenção e uso destas ( PSP, DGV e CNE) atina com o o número de utentes e com um melhor desempenho destes.
Somos assim... Calmos e ordeiros, mas armados até aos dentes.
Penso que apenas gostamos de andar armados...
Com alguma coisa, nalguma coisa, às vezes.
E que figurinhas alguns vão fazendo quando se armam!

E o problema reside aí: é que continuamos a não atinar com a melhor forma de usar as armas de que, legalmente, dispomos.
Também por isso, continuo a preferir as armas brancas: ajudam-me a cortar o bife!.
Não as uso para limpar as unhas porque os dentes antecipam-se. Também não me servem para desencavalitar restos do pastel de bacalhau do dente do ciso. Mas nos restaurantes há cada espadachim!... Ele há cada mosqueteiro!...
É preciso é calma... Mesmo armado.
Ainda que em parvo.
©J.Tereso
imagem:www.sxc.hu

domingo, 14 de dezembro de 2008

Blue Ice também se bebe...

Só para nostálgicos...
Legendas: ©J.Tereso
imagem:www.drinkhacker.com

Do milho e de outras transgenias






A herdade da Lameira (Silves), em 18 de Agosto, foi alvo de um "acto simbólico" – como lhe quiseram chamar – promovido por uma associação ambientalista, denominada Verde Eufémia.
Pretendiam com o seu “acto simbólico” chamar a atenção para os reais perigos dos OGM (Organismos Geneticamente Modificados).

Daí que um grupelho de moçoilos e moçoilas com preocupações ambientalistas – entre muitas outras – de cigarro numa mão e telemóvel na outra, entraram na referida herdade e “num acto simbólico mas de acção directa” – foram os termos empregues por um dos mandatários do agrupamento – invadiram-na e devassaram-na perante o olhar incrédulo do proprietário e a passividade incompreensível da autoridade local presente (GNR).

Não conheço o agrupamento, a filosofia, os propósitos deste ramo dos Ecotópicos. Apenas os actos…
Vi-os na televisão, vi as (in)justificações de um seu porta-voz e, sinceramente, fiquei abismado: como é possível a alguém fazer e dizer tanta asneira em tão pouco tempo!

Que o problema dos transgénicos tem de ser equacionado e correctamente dimensionado nos prós e contras – e parece que os há, mesmo na comunidade científica –, de uma maneira frontal e que não fique limitado na redoma dos “interesses”, é um facto e uma necessidade. Agora a mensagem não pode ser a que o agrupamento Verde Eufémia escolheu para lançar a discussão do problema.

Assisti não a um “acto simbólico” mas apenas a uma situação tipificada na lei como invasão de propriedade e danos.
Assisti ainda a um desfilar folclórico, de cariz arruaceiro, que em nada abona a causa ambientalista. Se a chamada de atenção para as questões ambientais até colhe a simpatia e a atenção daqueles que nunca se questionaram com o problema, desta forma criou-se o rótulo que poderá, aos menos atentos, levar a fazer colagens de vandalismo e arruaça barata aos que verdadeiramente, de forma convicta e consciente, apelam à equação do problema dos transgénicos, em particular, e de uma melhor qualidade de vida, genericamente.

Lidar com o milho - com os outros e com a vida - com práticas fundamentalistas, não vai seguramente propiciar a serenidade que terá que estar presente sempre.

Tenho a certeza que os ecologistas e os ambientalistas não vão agradecer a este agrupamento a sua mensagem porque descaracterizou e caricaturou, apalhaçadamente, a imagem de seriedade por que têm lutado em prol de um desígnio que nos devia fazer reflectir.
Também a GNR não se poderá orgulhar do papel a que se prestou naquele brilhante desempenho dos moçoilos e das moçoilas. Assistir impávida e serenamente, escoltar os vândalos e aconselhar, a espaços, os envolvidos fisicamente a abraçarem-se e perdoarem-se uns aos outros, não me parece o desempenho aceitável e exigível.

Fica-me a sensação que nem só o milho era transgénico… Havia mais coisas.
E no meio delas, o milho é o mal menor.

Texto: ©J.Tereso
Imagem: greenpeace.blogtv.uol.com.br

Ainda os hei-de ver a fumar!...


... e foram felizes para sempre!

Sem sogras, sem personal trainers, sem peelings, sem enxaquecas e sem alturas difíceis.

É o admirável mundo novo.

Legendas: ©J.Tereso
imagem: www,mostfunnypictures.com

sábado, 13 de dezembro de 2008

Chris Rea - "Driving Home For Christmas"

Para mim, a melhor canção de Natal.
Chris Rea, só ele.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Bufos!... Boateiros!...

- Querem é dar cabo da minha imagem...
Alarmistas!...
Legenda:©J.Tereso

E há cá cada ratazana...


Snipers e voyeurs das manhãs de domingo









Gosto das manhãs de domingo.
Gosto de me levantar cedo, de uma chuveirada meia arrepiada e sentida. Depois, à pressa e antes que acorde completamente, precipitar-me para as bombas da Total, comprar o jornal e passear-me nas "gordas" enquanto me inundo e mergulho num cigarro e na bica quente...

Isto é viver outra vez...

Encosto-me à mesa de pé alto, vou sorvendo o cigarro, falando com a bica, atalhando a leitura e deixar que a manhã vá nascendo devagar, em bicos de pés... para não acordar a 2ª Feira.
Gosto de estar aqui uns momentos e ver a cidade a acordar...
Estar aqui como um voyeur, fingindo ler, fingindo acordar e deixar que a bica e o cigarro vão ligando os fusíveis...
Gosto de ver e observar - com a vivacidade de um voyeur - os despertares que vão chegando ao quiosque das bombas...

Como aquele ali, o do BM... o de fato de treino e sandálias.
Chegou à area de serviço, parou a "bomba" - bem mais apelativa que ele todo junto - no local de abastecimento, olhou com desprezo para a mangueira e entrou na área de atendimento.
Com um ar desportivo - tipo empresarial made "in Ribeira dos Milagres" - olhou para o expositor de revistas e jornais com aquele ar de " deixa cá o que é que estes gajos dizem!..."
Retirou um matutino, depois de ter ensaiado a recolha de duas revistas, e borrifou-se, com sobranceria, para o letreiro que "solicitava" a restrição à leitura e manuseamento de jornais e revistas... sem a óbvia compra!

Reconheci-lhe o perfil e a fisionomia: é dono de uma "cadeia" de estabelecimentos de suposta restauração e de "bolinhos" aqui de Leiria... É mais um dono do mundo!

Não vem na "Forbes"... este é o tipo de gente que, normalmente, sai naquelas edições especiais das Finanças e nos editais dos Tribunais. A "Forbes", por enquanto, ainda não o descobriu... Mas já lhe olhou para o BM.

Recordo-me dele ter dado uma entrevista - provavelmente paga - para um jornal regional onde dizia, entre outras bacoradas, que "as pessoas não queriam trabalhar" e o mundo empresarial - onde ele, atrevida e abusivamente, se incluía - estava à mercê desta "gente"...

Uma entrevista edificante... Principalmente quando me fui apercebendo que a "gente que não queria trabalhar" eram estudantes imberbes que transformavam o servir à mesa num arriscado exercício de equilíbrios e acrobacias... Tudo a troco de uns míseros 400 euros, ou nem isso.

Eles poderiam não querer trabalhar... Mas ele, seguramente, também não queria pagar. E para servir clientes em Leiria, qualquer coisa serve... Muito respeitador.

Mas voltando à "encomenda", ali estava ele a dirigir-se ao balcão e com voz "trafulha" e autoritária - sem direito a bom dia - pediu tabaco, um galão e uma merenda de chouriço.
Pagar o jornal... nada!

Arrumou a barriga na mesa contígua à minha, abriu o jornal, e atacou o pão com chouriço, regando-o sofregamente com um gole de galão. Ainda mastigava o chouriço e já o dedo malandro se encaminhava para a língua - que desfraldou - para o molhar e lhe dar aderência.

Objectivo: molhar o canto da primeira página e passar à seguinte.
Uma demora curta na 2ª página e nova viagem do dedinho empresarial ao imenso lençol da língua, na química de cuspo e chouriço que cria aderências que nem a UHU se atreve a desafiar.
Às páginas tantas, e cansado das elevações do braço, passou a olhar de soslaio o dedo e com a precisão de um "sniper", chuviscava-o de longe para que cumprisse a sua função: virar outra página.

E aquilo foi uma boa meia hora de "copy" "paste" alucinante. Era um rodízio de sabores regionais com cariz informativo.
Prolongou-se aquela prestação empresarial num folhear alegre e húmido, numa viagem ao tenebroso mundo das notícias à borla, temperada aqui e ali com aqueles sabores que só um galão e um pão com chouriço conseguem dar...

Por fim, bem informado e de barriga cheia, num gesto de terna boa vontade, amanhou o jornal, batendo-o vigorosamente nas migalhas do pão e no resto do acúcar que foi semeando à sua passagem, dirigiu-se ao expositor, com ligeireza nas sandálias, e ali abandonou o matutino.

Ali ficou o matutino à mão de semear, com odores e humidades que só lhe acrescentavam mais-valias, à espera que alguém decente o comprasse, finalmente, e partilhasse os restos de chouriço e cuspo com "pedrigree" empresarial.

Com a mesma sobranceria com que entrou, saiu.
Dirigiu-se ao BM, deixou finalmente o espaço livre para quem quisesse abastecer, e fez-se à cidade.

Saí para a rua e abandonei-me ao domingo pelas ruas mas sempre atento ao dobrar das esquinas, receando que um "sniper" me tirasse a mirada e me humedecesse o dia... se calhar, e com algum azar, com restos de baraço do chouriço.
©J.Tereso
imagem:www.darcman.com

Barry White - Can't Get Enough Of Your Love Babe 1974

Há pessoas, há coisas, há cheiros ou perfumes que têm o condão de nos transportar no tempo...
E abandonamo-nos nessas viagens como se pudessemos manipular o tempo e sermos dono dele.
Voltamos atrás, às vezes muito atrás, e por momentos voltamos à meninice, à adolescência, àquilo que fomos e que o tempo foi esbatendo.
E tudo isto para vos introduzir esse saudoso Barry White que, infelizmente, já não nos pode presentear com a sua enorme presença.
Ao ouvi-lo, volto aos tempos do "Archote", aos namoricos, às pistas de dança...
O que eu gostava de preencher aquelas pistas, embriagado na "disco" e a querer dar ares de Travolta da Estefânia.
Estes regressos, devo-os a muita gente amiga e também a este grande vulto da Soul Music.
Fica bem, Barry White, onde quer que estejas.
Um dia destes a gente vê-se...