domingo, 19 de abril de 2009

Baía dos náufragos




Naufraguei numa tarde de Janeiro.
Sem leme. Sem vela, nem estrelas para me guiar, abandonei-me à corrente e aos ventos que sobraram para me levar.
Foram dois longos meses de deriva, de sopros, de luas e marés.
Um dia de Abril cheguei à baía.
Cheguei na maré vaza, na contramão dos náufragos. Com uma mão cheia de nadas e vazios e com uma pardalita pela mão, também ela cheia de nadas e vazios mas ainda com as asas e velas enfunadas pelas madrugadas libertadoras.
Regressei finalmente às raízes primeiras, à baía de Abril, à baía dos náufragos...
Não regressei só. Nem todos quiseram vir...
E que Abril continue... Sempre!.
Ainda que náufrago... Mesmo que náufrago.
Texto:©José Tereso
Imagem: ©Ana Rita C. Tereso

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