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domingo, 19 de abril de 2009
Tinha de sobrar p'ra mim!...
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Lonjuras marginais e doídas interioridades
A gente um dia envelhece a ver os outros crescer. A gente um dia percebe o drama que esconde o maravilhoso mistério da vida.
Um dia dei comigo a envelhecer. Apercebi-me que alguém ao meu lado crescia. Apercebi-me que alguém ao meu lado começava a questionar a vida, recusando-se a aceitá-la como até então.
Comecei a aperceber-me dos olhares, dos silêncios, das lonjuras do pensamento, das viagens interiores, das dores e apreensões silenciadas...
Como tudo é tão perceptível...
Como é bom ter vivido tudo isso, para que agora perceba tudo aquilo.
Como é bom perceber-te, Rita... Nas distâncias, nas viagens, nas doídas interioridades.
Longe, também pode ser aqui...
Mas não... Nunca deixarei que o longe aconteça. O longe, entre nós, nunca fará sentido.
A vida também nos ensinará a enganar as distâncias e a perceber, afinal, o quanto nos falta, ainda, crescer.
Fica bem... Sempre!
Imagem: ©Ana Rita C. Tereso
Baía dos náufragos
Sem leme. Sem vela, nem estrelas para me guiar, abandonei-me à corrente e aos ventos que sobraram para me levar.
Foram dois longos meses de deriva, de sopros, de luas e marés.
Um dia de Abril cheguei à baía.
E que Abril continue... Sempre!.
Ainda que náufrago... Mesmo que náufrago.
Imagem: ©Ana Rita C. Tereso
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Pouca Vergonhagate
Prosseguiu ontem, no Tribunal de Paris, a audiência de julgamento, conhecida por "Angolagate", que aborda a "venda ilegal" de armas russas a Angola e corrupção, sendo referenciado o eventual envolvimento, nos ilícitos, de altas personalidades francesas e angolanas, nomeadamente a do Presidente José Eduardo dos Santos.
Pierre Falcone, referenciado como cérebro do negócio, terá pago mais de 500 mil euros a cerca de 50 raparigas que, entre 1997 e 2000, acompanharam, na capital francesa, ministros e altos funcionários angolanos. Para além de dinheiro, as acompanhantes eram recompensadas com prendas suplementares. A recrutadora das acompanhantes chegou mesmo a comprar, para os angolanos, lugares para assistirem a partidas no Torneio Roland Garros e alugado um camarote no Estádio de França para o Mundial de 1998, este "mimo" na módica quantia de 300 mil euros.
Não há ainda arguidos constituídos.
No Verão do ano transacto, numa deslocação a Lisboa, vi-me na necessidade súbita de prolongar a estadia, sendo-me reservado um quarto no Hotel Sana-Malhoa. Cumpridas as habituais formalidades, desloquei-me para o bar do hotel para relaxar o final de tarde de um dia complicado. No balcão do bar estavam 3 africanos, de ar muito executivo, que, de voz e discurso amplificado, arrasavam desapiedadamente tudo quanto era português, endeusando as maravilhosas nuances da sua "democracia", da sua estratégia empresarial, da sua economia, da sagacidade e "savoir faire" do seu "renascido" país.
Tudo isto enquanto se deleitavam com sucessivos e sôfregos balões de James Martin's de 20 anos. O volume do som e as "atrocidades" que tive ouvir "em fundo" foram redobrando de intensidade e perdendo em fluência. É que foram muitos e continuados balões...
Nem eu, nem um casal brasileiro, nem os dois empregados de serviço ao "regadio", em momento algum, reprovámos, por gestos, esgares de expressão ou intervenção, aquele caudal de inverdades, imprecisões, soluços, inflexões barítonas, distorções de voz e raivinhas mal contidas.
Só faltava mesmo o arroto para o quadro ser pleno.
Limitámo-nos, atónitos e condescendentes, a assistir ao desempenho daqueles "novos senhores" das democracias "emergentes" de uma África vandalizada por "democratas" de fato fino.
Desconheço quem eram, ao que estavam e quem representavam. Sei apenas que vestiam bem - muito bem -, tresandavam a Jean Paul Gautier, calçavam "luvas" de pele vistosa, bebiam do bom e do melhor e ofendiam o país de acolhimento ou visita com linguagem desbragada, de quem está mal com a vida... De quem não acredita que o James Martin's, aos vinte anos, com meia dúzia de balões, começa a mentir muito...
Penso - quero acreditar - que nem todos serão assim. A maioria, garantidamente, não é. Mas o cartão de visita foi entregue... Minoritário mas elucidativo.
Pagaram por aquele "desempenho" em dinheiro vivo aquilo que 4 ou 5 famílias africanas - que não têm relações com o James Martin's nem conhecem o Gautier - disporão, por mês, para se governarem razoavelmente. Os empregados do bar agradeceram com sorrisos de orelha a orelha, o que também não me deixou muitas dúvidas quanto ao motivo.
Saíram para a noite com um destino: forró e gajas. É que nem pejo tiveram em o denunciar com pompa, circunstância e topo de gama com cicerone, à porta.
Não me espantam os 500 mil euros de gajas, os 300 mil de camarotes, os Volkswagens Polo de prenda e outras luxúrias desta nova casta de "donos do mundo", envolvidos no Angolagate.
No meu Sanagate, a coisa, com as devidas proporções, deu para perceber e adivinhar tudo.
Infelizmente, este postal ilustrado estende-se a muitos feudos e condados; não só alguns africanos - que falam português - serão os maus da fita. Nós por cá, também temos a nossa galeria de figurões e de figurinhas que, com o dinheiro dos outros, tratam o James Martin's por tu e o Gaultier pela alcunha.
E é pena. Porque é vergonhoso e imoral.
Até quando esta pouca vergonhagate se passeará impunemente?!...
Medina Carreira, SICN, 10.12.08 (1/6) - Negócios da Semana
Medina Carreira: que pena só haver um!...
Oi! Tuta... Já não te via há bué...
Como é que aquela porra do gel consegue pôr um gajo, que até já estava bastante estragado e cheio de refegos e pés de galinha, com uma carinha nova, bronzeada, bem escanhoada e sem aquelas peles que tanto atormentam as múmias da brigada do croquete e que mal lhes seguram os óculos de dormir.
Poupam na comida mas gastam-no nas fotografias, ora porra para o negócio!
Depois lá está: empenham o peixe-palhaço do aquário - que serviu para duas recepções -, vendem o caniche com a desculpa que se dá mal com o recuperador de calor, dão uma aulas de sushi com umas amostras de carapau maluco que caiu da caixa na lota, para depois entregarem os aéreos ao paparazi que as flagrou, pontualmente, à hora marcada de entrarem na festa e momentos antes de devolverem a vestimenta ao pronto a vestir e de entregarem o carro que pediram emprestado porque o delas tinha uma folga nos platinados, uma vela stressada ou a panela de escape com queimaduras de 3º grau.
É que nem há silicone nem papa, nem entulho de qualidade nenhuma que lhes encha os vácuos e os vazios...
É que aquilo levantou logo invejas e malquerenças e enquanto não enterraram o homem não descansaram e, claro, aos 19 finou-se.
Vai daí, entraparam-no de noite, fizeram-lhe uns taipais e sarcófago com ele... e por lá ficou esquecido um porradão de anos, sem ver luz.
O que te desejo é que te sintas bem com a gente e não te rales com as visitas, com a humidade, a concorrência das tias, os tiques do Ronaldo e as desventuras do Benfica. Carga nisso!
Nem com trapos nem com promessas.