Uns Senhores Gestores da Gebalis - essa casta faraónica de bons "vivants", de bons letrados, de bons provadores de vinhos e iguarias, de bons viajantes intemporais, preocupados em partilhar os mesmo vícios com amigos, familiares e empregados de restauração, tudo "à pala" do dinheiro que alguém, negligentemente, lhes confiou - gastaram 64.000 euros em almoçaradas "à maneira". Tudo na "nice" e nos conformes, com muita tranquilidade e nos moldes a que nos foram já habituando e isto porque não há um alguém, neste país, que tire alguns maus hábitos a alguns maus senhores.
À grande e à "portuguesa"... "À Francesa" fica áquem.
Compraram DVD's, CD's, romances e artigos de luxo, utilizando dinheiro que alguém permitiu que assim pudesse ser utilizado. Um destes senhores mandou fazer obras em sua casa com recurso a tudo quanto a Gebalis deixou ao seu superior e criterioso usufruto.
Quem o gastou, vai-se sabendo. Quem o permitiu, népia.
E se o primeiro, a provar-se, é grave e crime. O segundo, é cúmplice, grave e mais criminoso ainda.
Isto passa-se em Portugal. Num país, onde até as revoluções - tal como as procissões - têm flores, e os senhores caem num chão florido e acolchoado, para que não se magoem e se possam levantar, mais tarde.
Acumularam, estes senhores, no ano de 2006, um prejuízo estimado em 4,97 milhões de euros.
Têm cara estes senhores...
Não sei o que lhes vai acontecer... Nenhum está preso, a exemplo do que aconteceu com uma feira que foi presa por não pagar o bilhete do transporte público que utilizava.
Uma criminosa que lesou um serviço público e que ameaçava continuar a sua escalada de crime ... A prisão não se fez esperar. A prisão fez-se para isso.
E a cara, se isto não fosse um país de cravos e de cravas, era o ponto de partida.
Porque há uma altura em que as coisas começam a tresandar... Mesmo a tresandar.
Estou de consciência tranquila, dizia uma das protagonistas do regabofe.
Somos um país de milhares de arguidos de consciência tranquila porque há défice na prevenção, intranquilidade no Direito e inépcia na Justiça.
E assim vamos ficando: intranquilamente, na tranquilidade atrevida dos espertos.
A cara era mesmo o ponto de partida.
©J.Tereso
imagem: www.personarte.com
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