segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A cara era o ponto de partida...






















Uns Senhores Gestores da Gebalis - essa casta faraónica de bons "vivants", de bons letrados, de bons provadores de vinhos e iguarias, de bons viajantes intemporais, preocupados em partilhar os mesmo vícios com amigos, familiares e empregados de restauração, tudo "à pala" do dinheiro que alguém, negligentemente, lhes confiou - gastaram 64.000 euros em almoçaradas "à maneira". Tudo na "nice" e nos conformes, com muita tranquilidade e nos moldes a que nos foram já habituando e isto porque não há um alguém, neste país, que tire alguns maus hábitos a alguns maus senhores.

À grande e à "portuguesa"... "À Francesa" fica áquem.

Compraram DVD's, CD's, romances e artigos de luxo, utilizando dinheiro que alguém permitiu que assim pudesse ser utilizado. Um destes senhores mandou fazer obras em sua casa com recurso a tudo quanto a Gebalis deixou ao seu superior e criterioso usufruto.

Quem o gastou, vai-se sabendo. Quem o permitiu, népia.

E se o primeiro, a provar-se, é grave e crime. O segundo, é cúmplice, grave e mais criminoso ainda.

Isto passa-se em Portugal. Num país, onde até as revoluções - tal como as procissões - têm flores, e os senhores caem num chão florido e acolchoado, para que não se magoem e se possam levantar, mais tarde.
Acumularam, estes senhores, no ano de 2006, um prejuízo estimado em 4,97 milhões de euros.
Têm cara estes senhores...
Não sei o que lhes vai acontecer... Nenhum está preso, a exemplo do que aconteceu com uma feira que foi presa por não pagar o bilhete do transporte público que utilizava.
Uma criminosa que lesou um serviço público e que ameaçava continuar a sua escalada de crime ... A prisão não se fez esperar. A prisão fez-se para isso.

Daqueles sei apenas que têm cara.
Não sei se terão aquilo que os que têm medo costumam ter... Pelos vistos, não! Nem medo nem respeito.
E a cara, se isto não fosse um país de cravos e de cravas, era o ponto de partida.
Porque há uma altura em que as coisas começam a tresandar... Mesmo a tresandar.

Estou de consciência tranquila, dizia uma das protagonistas do regabofe.
Pois está, minha senhora. Nesta fase do campeonato, que mais poderia dizer para os autos... Também já demos para esse peditório!

Somos um país de milhares de arguidos de consciência tranquila porque há défice na prevenção, intranquilidade no Direito e inépcia na Justiça.
E assim vamos ficando: intranquilamente, na tranquilidade atrevida dos espertos.
A cara era mesmo o ponto de partida.

©J.Tereso

imagem: www.personarte.com

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