sábado, 29 de novembro de 2008

Truques e armadilhas




A revista Sábado, da semana transacta, dedica 9 páginas a uma imersão nos meandros da PJ, trazendo a lume pretensas "ciladas" e "técnicas de cilada" montadas por operacionais da PJ e a que 8 quadros, médios e superiores, dão visibilidade, com a cara e currículo. Tudo escarrapachado naquela publicação.

Nas nove páginas entra-se no detalhe das "ciladas", comentando-se, aqui e ali, o porquê, o como e a "estória" dos cilados nas mesmas.

Logo no editorial se refere que a equipa de reportagem, de início, encontrou resistências à divulgação dos pormenores de investigações às quais queriam dar tratamento jornalístico.

Bom, e isso leva-me a perguntar o que se terá passado entre o início e o fim para que, no durante, se produzissem 9 páginas de resistência, entremeadas com um anúncio a uma marca de automóveis, dois a uma marca de computadores, ainda a uma agência de viagens e finalmente ao livro dos sabores de Natal da Popota?!...

Terá tudo a ver?...

Se foram ciladas... não sei. Secretas, também o não são já, concerteza.

E esta voragem mediática e jornalística - em que incluo todos os intervenientes - que já só no crime e nas polícias encontra saciedade, começa a vulgarizar as coisas e as pessoas.

Vulgarizem-se, pois... mas sem pedestal.

Ensinem-se e revelem-se truques e armadilhas, revelem-se segredos, ou nem isso... um dia perceberemos quem cilou quem.

Na capa, e para espicaçar a atenção dos incautos - não tão incautos quanto isso porque o rei vai nú - refere-se "Como a Polícia Judiciária enganou o casal McCann..."

Enganou?!... Acham mesmo?!...

A instituição Polícia Judiciária - que muito respeito - não terá culpa destes devaneios jornalísticos e narcisísticos mas, como diz o povo: "quem não quer ser lobo não lhe veste a pele".

Acho que a instituição não precisa destes assessores de imagem, ou pelo menos, nunca deles precisou... e a qualidade de conteúdo de uma revista - de que até gosto - não necessita destes "fait-divers".

Ou será que ando a viver num passado assim tão longínquo?

Armadilhem-se e cilem-se, mas façam-no sem narcisismos, sóbria e discretamente.
E isso, até nos livros vem.

©J.Tereso

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