terça-feira, 25 de novembro de 2008

A Justiça segue dentro de momentos...












Escrevo, hoje, com inusitada alegria porque finalmente fui ouvido em audiência num processo que, arreliadoramente, me obrigava a deslocar ao Tribunal de 15 em 15 dias.
Dois adiamentos e a monumental seca do costume: chegar às 09H30 e ser chamado às 12H15.
É a marca da Justiça em Portugal...

E esta é em versão soft ... Não é o melhor exemplo para demonstrar o que o cidadão comum pode vir a penar, pelo crime de ter testemunhado o que não devia.

Não é o meu caso. Mas mesmo assim é penalizante. Sobretudo para quem me paga, cara, a Justiça que vai tendo.

Um indivíduo cria um blogue. Desanca desalmadamente tudo e todos. Apelida, daquilo que lhe ocorre na desbragada língua, pessoas que mal conhece mas que são vítimas de uma linguagem injustificada, inconsequente e gratuita. Maldosa e criminosa.

O escritor tem passado criminal ... Os visados não o têm.
Tentam, apenas, por inerência profissional, proteger o cidadão comum dos escritores de blogues com passado criminal que acham que a sociedade os obrigou a cometer crimes.
Não contente com o papel de "mau da fita", desata a tratar mal toda gente ...
Mas mal, mesmo. Inaceitavelmente mal.

Escudado num blogue, é muito fácil denegrir os outros. Cara a cara é mais complicado.


(Mas também convirá dizer que um blogue não é um escudo invisível... Basta querer ver).

Ainda mais reles e cobarde quando, depois, na cara e no resguardo de uma sala de tribunal, não se assume o que se escreve....
Um visado pelo "mau perder" do escritor, ofendido na dignidade e honra - coisa que não aconteceu com a instituição que representa, sendo ela o verdadeiro motor do chorrilho de acusações - resolve deixar para a Justiça a resolução do problema.


Outras formas o solucionavam... Estão a pensar bem: é a essa que me refiro. E essa era consequente e eficaz. Definitiva, por vezes.

Mas não... Que seja a Justiça a dizer de sua Justiça - sendo que a Justiça era, precisamente, uma das instituições mais "gozadas" no blogue.
Resultado: a Justiça não consegue provar que o escritor é autor do blogue, muito embora, em sessão anterior, tenha pedido ao escritor para apagar o blogue e este se tenha comprometido a fazê-lo caso se lembrasse da password. Tudo isto para que o problema fosse resolvido "sem sangue" para ninguém...

Se não visse - e já vi muita coisa - custava-me a acreditar!...
Há 3 sessões que andamos nisto. E vai continuar.

Há 3 sessões, pessoas que deveriam estar a assegurar valores bem mais importantes - e justamente reclamados pelo contribuinte que os subsidia - e imprescindíveis num Estado de Direito, caminham para os claustros frios de um Tribunal, para "secas" com data e hora marcadas, aguardando que seja dada a oportunidade à verdade e não às subjectividades da mentira "esperta" e "legalmente possível".
E ninguém dá um murro na mesa.
E ninguém diz "Alto e pára o baile!".

E é vê-los na televisão - Responsáveis, ou com ares disso (às vezes só mesmo isso) - a falarem de cátedra mas definitivamente acabrunhados e inertes no que é essencial, rendidos à carreira politicamente correcta mas inócua, incapazes de, uma vez na vida, dizerem:
- Basta de tanta "seca". Não sou pago para isto!... Nem quem comigo trabalha!.

Basta de tanto esbanjamento de dinheiro e de tanta inutilidade... Um dia deveriam ser contabilizados os custos - a exemplo do que fazem com as greves - dos sucessivos adiamentos e "secas" nos claustros frios - ou aquecidos - dos Tribunais.

Quanta inércia... Quanta permissividade e impotência.
Assim, nunca iremos a lado nenhum...
A senhora da balança precisa de uma reforma urgente e cirúrgica. Uma reforma que erradique, de vez, tudo quanto lhe condiciona o fiel dos pratos que sustenta e que lhe esgota os meios, os fundos e a paciência dos diferentes intervenientes que: nela buscam a justiça de que se vão vendo privados, ou que lutam pela sua vigência.
A Justiça não se pode acomodar, e entender como obstáculo de monta, com todos que, devidamente instruídos e assessorados - haja zeros à esquerda da vírgula e o céu é o limite - , se remetem ao silêncio "esperto" porque lhe é garantido - e decidem, na mais vil e rasca cobardia, gozar, embrulhar e desmontar os princípios basilares que deveriam reger uma sociedade responsável, num Estado de Direito.

Se demorarem muito e adiarem mais, um dia, a Justiça privada ocupa-lhe, mal, o lugar. Mas judiciará, bem, quem prevaricar, objectiva e dolosamente.
E de Juiz, todos temos um pouco, ou um poucochinho.

E o jeito sempre se arranja.

Só que a Justiça não é isto. Carecia de mais e melhor... No local próprio.
©J.Tereso
imagem: www.sxc.hu

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