sábado, 6 de dezembro de 2008

Dos mundos, dos fundos e das maquilhagens...

Publicado em 20.08.2007 in:
"Conversas com lobos" e www.aeiou.pt




... que mais nenhum pai português fique sozinho: na dor, na procura e no apoio.

Não engrossei os 1,4 milhões de Euros de que dispõe a "máquina" montada pelos McCann para "publicitarem" a "ausência" de Maddie. Não contribuí.
Não contribuí... da mesma forma que o fiz em relação a todos os Rui Pedros deste país que desapareceram ou que estão "ausentes".

A dor não tem sotaque... dói da mesma maneira, em todas as línguas.

E se não o fiz em relação à segunda situação - e tocou-me de igual forma - teria mais alguns motivos para que, no caso de Maddie, me arredasse dessa possibilidade.

Nem toda a gente consegue "montar" esta "máquina" em Portugal... sobretudo os portugueses. Somos o que somos... mas somos também genuínos e inábeis em muita coisa...
Se calhar, ainda bem.
Quando via as imagens da Praia da Luz e me confrontava com "as palmas", "as flores", os olhares para as câmaras e outros "fait divers" lembrava-me sempre de todas as crianças desaparecidas em Portugal, sobretudo das portuguesas...

Por onde tens andado solidariedade?!...
Aonde estavam as palmas, as rezas, os mails e outras caras que dão a cara naquilo que é mediático e que lhes acrescenta mais valias.

A dor portuguesa, pelos vistos, não está cotada em bolsa.

Quando ligavam à Praia da Luz - e com o devido respeito pela situação e pela personagem - temia sempre que agarrado ao telemóvel ou abraçado ao repórter aparecesse o "emplastro". Não apareceu... mas também não se deu pela falta dele!
O lugar foi sendo ocupado... com despudor.

Não me interessa se os McCann vivem num 3 por 4 ou numa mansão de luxo. Nem quero saber e também não percebo porque têm de se justificar.
A questão final - estamos para ver - poderá ser: Porque é que o pediram?
As justificações onde o gastaram - se isso for exigível - terão de ser dadas aos "patrocinadores".

O trabalho da Polícia está pago com as "contribuições portuguesas", exigindo-se-lhe competência, empenho, lucidez e também um bocadinho de sensatez.
Não me importa que a PJ não saiba falar inglês...
Preocupa-me só a sua competência e eficácia.
E se alguma coisa tem sido provado - por vezes, em momentos de menor serenidade - ao longo dos quase 60 anos de existência, é que a PJ tem elevados índices de sucesso nas suas investigações...
Assim a deixem investigar.
Erra porque trabalha... isto é indissociável...
A infalibilidade só existe para quem nada faz...

Nesta gigantesca operação de "maquilhagens" - de mundos e fundos - doeu-me uma coisa: que a PJ não tivesse resistido à "onda" e se pusesse a "balbuciar" em inglês... como se tivesse medo de também não saber falar em português.

Para quê isto?!...

Para a PJ digo: investiguem, continuem o vosso bom trabalho... mas façam-no "à portuguesa", sem travestismos e "maquilhagens protocolares".
Quanto a nós: repensemos o nossa postura, e que mais nenhum pai português fique sozinho: na dor, na procura, no apoio.
©J.Tereso

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