sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Enigmas dissociáveis a 3D






O Dr. Paulo Teixeira Pinto, ex-presidente da comissão executiva (CEO) do Banco Comercial Português, saiu do grupo com uma indemnização de 10 milhões de euros e com o compromisso de receber, até final da vida, uma pensão anual equivalente a 500 mil euros.


(Também isto já não me espanta. Faz-me outra coisa... Mas não me espanta!)

E foi-se o banqueiro.

Após esta reforma antecipada na banca, desdobrou-se em actividades e, inesperadamente, surge o pintor, o poeta e o congressista.

Numa entrevista à Lusa, na qual exibiu os muitos quadros que cobriam as paredes do seu escritório, foi referindo que não pintava para se exibir. O exercício da pintura e a sua amostragem pública eram apenas um processo de partilha de algo que foi sempre predominante na sua vida mas que se coibiu de mostrar enquanto quadro activo no BCP. Admitindo que nunca teve a pretensão de ser pintor, acedeu a inaugurar uma exposição dos seus quadros, na First Gallery, em Lisboa, porque, embora contrariado, muitas pessoas, cuja opinião levava a sério, insistiram e o motivaram a dar aquele passo.
E veio o pintor.

Muito estético... Porque, dizia: "a estética é a aparência das coisas".

Depois... Bom, depois vieram os poemas e os teoremas poéticos.
E veio o poeta.
Provavelmente, digo eu, porque muitas pessoas de refinado critério assim o exigiram e provocaram. Daí o teorema feito poema.

Não me surpreendeu, diga-se em abono da verdade. Imaginava-o a pintar e a poetisar às escondidas enquanto ia gerindo, na actividade profissional, os trocos. Terminou essa mesma entrevista referindo que, de toda esta exposição pública, esperava apenas que as pessoas o olhassem como pintor e poeta, dissociando disso a sua imagem de banqueiro.

(As palavras saíram assim, com mais ou menos vírgula ou esperança).

Por fim, guardo as palavras de uma sua intervenção recente, em Leiria, durante um congresso e onde, referindo-se à crise, dizia que era ela uma nova cadeia de oportunidades porque: enquanto houver quem chore, haverá sempre quem ganhe com a venda de lenços!
As palavras saíram assim, com mais ou menos vírgula ou oportunidade.

Esta é a sensibilidade do pintor? Do poeta? Do homem? Ou do banqueiro?

Quanto ao banqueiro, se o que tem vindo a lume na imprensa for verdade, é bem melhor que a imagem do banqueiro seja dissociada; vai deixar o poeta, o pintor e o homem em mau estado, ainda assim recomendável pelos credenciados e sérios critérios dos descobridores de talentos, arrisco eu...Ou talvez não!...
O espanto e o ponto de exclamação vão perdendo todo o sentido.


Texto: ©J.Tereso
Imagem: baixaki.ig.com.br

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