A vida tem-me vindo a provocar.
São um bom par de anos de provocações e confrontações.
Tinha de responder...
Tinha de dizer que estava aqui e que dificilmente iria aceitar ser apenas uma roda dentada com dígito plastificado a identificar um dedo em espiral.
Não podia permanecer número enquanto via os meus iguais a serem tratados como tal. Não podia aceitar tanta desigualdade, tanta indiferença, tanta insensibilidade, tanto desamor...
Tanta negação.
Não me podia resignar, nem aceitar como fatalidade, à prepotência e o livre arbítrio dos machos alfa, à cegueira parasitária da alcateia e ao silêncio inocente do rebanho.
Um dia temos de saltar...
Um dia temos de arranjar forças: esquecer as colunas do deve e do haver, darmos corpo à voz, cara ao silêncio e armas às mãos.
Foi essa a minha opção... Era essa a minha obrigação e dever.
Outros o fizeram até eu chegar.
Poderei não saber dizer as coisas que me vão na alma. Poderei não saber transmiti-las numa escrita correcta, estilosa e fluente. Poderei não ter outras armas que não uma voz já cansada e uma caneta - teclado, neste caso - mal inspirada e, muitas vezes, baralhada.
Poderei não ter tudo isto... E dava-me jeito.
Fica-me a alma e o sentido... O único sentido que me move e que me empurra para a rua: lutar por uma sociedade mais justa, mais humana, mais tolerante e preocupada com os que, pelos mais diversos motivos, se deixaram atrasar na caminhada.
Só quero ser Cidadão. Inteiro. Vertical. Inconformado.
É essa a minha luta, Mário Silva. Eu sei que é a sua. Eu sei que é a de muitos que por aí - Fórum (AEIOU) - vão passando.
O seu texto não me deixou muita margem para não escrever. Peço-lhe desculpa por ocupar tanto espaço na resposta mas tinha de o fazer porque me conseguiu emocionar. E os que conseguem ainda emocionar os demais, são os que verdadeiramente contam nisto.
É com eles que temos de fazer as caminhadas... E temos que as fazer juntos. Sempre...
Porque:
"... só assim será poema só assim terá razão...!
©J.Tereso
imagem:sheliak.blogspot.com
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