segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O DNA de um jantar...








Agosto.2007, in "Conversas com lobos"

Eram 7 convivas: uma controladora de crédito, uma organizadora, uma ex-universitária, um padrinho, uma testemunha-chave, uma advogada e um médico (este com uma pendência).
Juntou-se a este convívio ainda um vulto com uma criança ao colo.

Mais recentemente, alguns jornaleiros ingleses, após aturadas perícias forenses nas respectivas redacções (quais laboratórios! quais carapuça! a gente é que sabe!) determinaram que o DNA dos vestígios biológicos recolhidos pertenciam a um homem do nordeste europeu... Cheguei a acreditar que o rigor pericial ainda iria determinar que o nordestino usava boina, tinha bigode "à Charles Bronson" ou calçava o 46. Mas não... não arriscaram tanto.
E a boina, não ia ajudar a tiragem...

Juntam-se neste palco, ainda, uns pais que, para além de terem participado no convívio, deixando, por questões de cultura muito british os filhos entregues aos imprevisíveis ditames do destino - e este não faz distinções de culturas - outra coisa não têm feito senão perturbar o silêncio que a situação aconselhava.
Junte-se a isto um lote de órgãos de polícia criminal à deriva, mais preocupados com desenvolvimentos jornaleiros e cenários preconcebidos, do que, naturalmente, fazerem o que vem nos livros que, não sendo tudo, dá uma ajuda aos mais desorientados.

Daí que: uma série de contradições, "deixas" mal preparadas, e, também, a amnésia e a confusão que o hepático-esquecimento de um jantar convívio sempre propicia e potencia.

E o balanço: suspeitos a pedido de jornalistas com "intuição", buscas "ao metro e a quilo" com a preciosa e alcoviteira ajuda de tudo quanto é "cusco" e "polícia por vocação frustrada".

No dia que os panos caírem e o pó assentar, muita coisa vai vir à praça. Não tenhamos dúvidas. Muito silêncio contido - por medo ou obrigação - reporá a verdade da mentira.

Mas não me parece, muito honestamente, pelo caminho que as coisas estão a tomar e o desnorte que se apoderou de quem não o deveria ter, que o desaparecimento da pequena Maddie venha a ser objecto de uma fria e meticulosa abordagem que concorra para um final conclusivo.
Também não me parece que o ADN do jantar do Tapas Bar possa vir a acrescentar alguma coisa...
Porque também não é líquido que o desaparecimento tenha ocorrido no decurso do jantar... Penso eu... Também tenho "vocação" para polícia - e gostava que me tivessem deixado ser.

Os acertos e as "deixas" de discurso fazem parte de um cenário de crime.
Mas só isso. De um cenário...
Aguardemos ... serena e criticamente, pensando em português.
Porque em inglês, já bastam as "circo-ferências" de imprensa.
©J.Tereso
imagem: www.allposters.com

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