segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Rasuras no tempo




Quase tudo está feito... Quase.
Como foi possível escapar-ne este "quase" que incomoda e que me agarra ao princípio?!...
E agora, poderá ser tarde para mudar o que quer que seja.
Os novos ventos de mudança sopram mas as velas não dão marés, nem mar.
Resta voltar ao início e vasculhar no que foi feito, como se fossem possíveis rasuras no tempo e emendas nos caminhos.
Bem ou mal, está feito. Esteve feito.
No início e no fim...
E disso não me arrependo porque fazer bem, ou mal, não é apenas isso. É resultado de momentos, de detalhes e, sobretudo, do modo como nos envolvemos em cada partida. E eu envolvo-me sempre. Teimosamente, sempre.
Até ao fim... Como se parecesse mal deixar vida no prato, numa visível aprovação à escolha do menu e ao anfitrião.
Mas de que outra maneira se pode viver?
Só intensamente, nos limites, nos apercebemos da inatingível linha do horizonte. Só intensamente sentimos o quanto é possível viver.
Depois, ficam as consequências...
Há só que ir em frente e evitar os momentos maus: aqueles que, no passado, nos levaram a estar menos bem ou ausentes.
É só voltar ao início das coisas e escolher os caminhos que nos levem ao fim, e este que faça o que falta: sossegar-nos os sonos e os fantasmas.Como no princípio...
Como se voltasse ao início das coisas e dos tempos para fazer tudo, no quase tudo já feito.
Texto: ©José Tereso
Imagem: campaignprojects.wordpress.com

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